[Confissão] Sobre ansiedade e a arte do Coronavírus de mudar todos os planos

Quando toda a vida está planejada e o Coronavírus chega, a gente percebe que a gente não controla mesmo é nada.

Preciso escrever meus capítulos, preciso fazer minha pesquisa de campo em Ruanda. Foi quando a ansiedade começou a intensificar. Eu já estava em um confinamento técnico quando meus amigos foram embora de um mês de fevereiro maravilhoso e que eu sabia e entrei em uma imersão profunda a escrever meus capítulos da tese. Estava atrasada.

Ficava mais tempo dentro de casa do que fora para adiantar o que dava adiantar antes de fazer a pesquisa de campo, estava tentando me animar porque é meu último ano de doutorado. Último. Não dá pra brincar agora, realmente preciso escrever essa pemba. Só que de umas semanas para agora o contexto externo mudou. O que eram a princípio suspeitas passaram a ser casos, o que eram casos, passaram a ser mortes. O pânico se instalou. Eu entrei em pânico.

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Quando isso vai acabar? | Photo by cottonbro from Pexels

Ficar isolada para alguém que tem ansiedade não é nada fácil, imagina para alguém que tem ansiedade e ainda tem prazos. Imagina para alguém que não estava tão mentira, não estava MESMO motivada a voltar para sua cidade natal e ficar em confinamento. Crises de ansiedade a noite, volto a estudar pela manhã. Crises de ansiedade a noite, volto a estudar pela manhã. Tenho a ideia do My Ruanda Colab, tenho um pouquinho de esperança de conhecer novas pessoas e nos ajudar mutuamente, volto a estudar de manhã.

Já li inúmeros posts sobre o que fazer na quarentena, muitas das coisas eu não me animo em fazer. Tenho estudar, não consigo me concentrar; tento ler livros interessantes, fora do meio acadêmico, não consigo me concentrar. Sigo com minha terapia, que bom! Tento ver séries, não consigo parar; tento ver os materiais do My Ruanda Colab, aí eu consigo me concentrar um cadinho. Comecei a fazer Yoga online, aí eu me animei um pouquinho (Canal da Pri Leite, dá uma conferida). E tenho seguido nessa rotina diária, alternando um pouco das coisas.

Eu agradeço imensamente por não estar sozinha fisicamente e online, porque eu acredito que seria ainda pior lidar com essa situação. E gente, não está sendo nada fácil para ninguém, isso eu tenho certeza.  Mas é isso, a esperança de que tudo isso vai passar é a que fica. E eu vou fazendo o melhor que eu posso para lidar com a situação e tentando ser gentil comigo mesma, não exigindo a produção tão esperada como é na academia.

E me ofereço para estar caminhando com vocês, seja pelo My Ruanda Colab ou por conversas no privado, ou com qualquer coisa que seja.